quarta-feira, 13 de julho de 2011

Capitão América, o primeiro vingador


                                                      E ele tem as cores da Bahia!

Pelos almanaques de história em quadrinhos o herói Capitão América nasceu em 1941 nos Estados Unidos, para coroar os esforços de guerra daquele país na Europa. Teria sido a Marvel Comics que o criou junto com uma onda de super heróis que surgiram naquele tempo.
Mas os almanaques não estão com nada. O capitão América foi criado no Rio de Janeiro e bem antes desta época, em 1904. Esse filme que estão lançando agora, Capitão América, o primeiro vingador diz bem do seu aparecimento nos campos baianos. Foi o primeiro clube do Rio de Janeiro a jogar em um estádio baiano, o campo da Graça, pois o Botafogo jogou no campinho do Rio Vermelho dois anos antes.
A desinformação dos norte-americanos é tanta que eles não sabem só qual é a capital do Brasil ou a quem pertence a Amazônia, desconhecem esta importante informação, de que o capitão América veio na Bahia em setembro de 1921 fazer a primeira excursão de um time visitante no estado.
                         Que diferença pros super heróis de hoje, ele só tinha um escudo!

Apareceu por aqui duas semanas depois do dia consagrado á independência do Brasil. O pessoal lotou o campo pra ver aquele cara musculoso, com um escudo estranho, formado pelas ligas dos metais Adamantium e Vibranium, e indestrutível. Na ocasião, enfrentou os seus futuros arqui-inimigos Caveira Vermelha e Força Nacional, que se disfarçaram de um combinado Baiano de Tênis-Botafogo, mas apanharam de quatro a dois.
Depois veio a H.I.D.R.A, que os baianos chamavam de Associação Athlética, mas perdeu também por quatro a três. O próximo foi o Doutor Faustus, fantasiado de Ypiranga, e tome-lhe bordoada, três a zero. Por último veio o próprio Império Secreto, que usou as camisas do EC Vitória, pra perder de dois a um.
Não restou aos inimigos dos EUA, disfarçados de baianos, trazer todos os vilões do mundo, convocados pela liga e em nome da seleção baiana, e á muito custo conseguiram empatar em um gol com o famoso capitão. A Bahia nunca tinha visto um negócio daqueles.
                                                           E só vinha em turma!

Depois mandariam uns falsos capitães América pra Bahia. Mas os baianos logo notaram que era tapeação. Veio um verde América dizendo ser de Minas, e até um de Pernambuco, mas isso foi no tempo onde a própria Marvel Comics admitiu que tivessem quatro capitães América (sic!). Mas os baianos nunca esqueceram o capitão América carioca.
Precisou dezoito anos para o verdadeiro Capitão América voltar de novo na Bahia. Ah como era bonito seu uniforme. Nesse dia tirou até a roupa e apareceu como o Steve Rogers mostrando quanto era franzino. Aí fez um discurso chamando os torcedores pra se alistar na guerra que já começava contra o Eixo. Mas ninguém entendeu nada, mesmo porque o presidente Getúlio Vargas “preferia puxar o saco” da Alemanha.
Não sei se foi por isso, por jogar sem uniforme, acabou perdendo para outro alvo rubro, o Botafogo, por dois a um. Ninguém se alistou e aí o famoso capitão vestiu seu uniforme de novo pra jogar contra o time da colônia espanhola, devolvendo o escore aos baianos. Mas aí já tinham chegado os seus poderosos inimigos que tinha pegado de surpresa ao aparecer na Bahia sem avisar.
                                                Nem essa turma aguentava com ele!

O primeiro foi Modok, que jogou com a camisa do Ypiranga, e ofereceu a maior resistência, fazendo com que o capitão só conseguisse um empate em dois gols. E, três dias depois, houve uma verdadeira concentração de vilões no bairro da Graça. Os baianos nunca viram tanta maldade. Tinha o Barão Zemo, os Ossos Cruzados, o I.M.A e o Esquadrão Serpente. Chegaram até a esconder o escudo do capitão. Aí não podia dar outra coisa, quatro a um para o Bahia, no dia histórico de 12 de março de 1939.
A guerra passou e esqueceram-se do Capitão América. Fizeram até um seriado estrelado por Dirk Purcell mas a TV só chegaria à Bahia em 1960. Mas os norte-americanos resolveram dar um premio de consolação aos baianos e trouxeram o famoso capitão nove anos depois ao estado.
Ele chegou a Salvador em pleno mês das noivas de 1948. No começo acharam estranha a oportunidade, mas quando ele entrou no campo da Graça viram que era o original. Trazia seus aliados, o Agente 13, o homem aranha e Wolverine. Mas eles ficaram no banco de reservas. A primeira partida foi bem disputada contra Mecanus, que havia se disfarçado dos granadeiros, e ofereceu resistência. No final, um verdadeiro escore de “baba”, seis a cinco pro Capitão América.
                                             Getúlio chegou a reclamar com Roosevelt!

O próximo foi o Ypiranga. Mas, nesse dias os baianos não torceram pelo mais querido, pois viram que por traz do uniforme auri negro havia nada menos do que o temível Doutor Faustus. Na época a burguesia brasileira estava atrás de uma graninha dos norte-americanos tentando aproveitar o dinheiro da “reconstrução” da Europa. Eu sei que o capitão ganhou de seis a dois, quanto ao dinheiro americano ninguém viu.
Mas, três dias depois, desembarcou uma renca de super vilões no cais do porto e prepararam uma armadilha pro capitão. Roubaram o seu famoso escudo e deixaram, no vestiário um parecido, pintado com as cores originais, mas feito de lata de cerveja. Era sacanagem e o tricolor acabou ganhando de novo por dois a um.
Eu acho que foi por isso que, quando o capitão apareceu de novo, dois anos depois, nem veio a Salvador, preferindo ficar lá pela região do cacau onde goleou a Seleção de Ilhéus (5 X 2) e a Seleção de Itabuna (5 X 1)!
                                    Teve gente que se mudou da Bahia por causa dos vilões!

Foi tal de convidar o capitão pra voltar que ninguém aguentava. E que os baianos tinham construído um estádio decente, a Fonte Nova, e queriam mostra-lo para inglês e americano verem. Veio pra Bahia gatos e cachorros, times do Brasil todo e até estrangeiros. Na época os governadores chegaram até a apelar pro Eisenhower. Não era possível tanta discriminação com a Bahia!
Mas o capitão norte-americano só voltaria á Bahia depois da morte de Getúlio Vargas, pois achavam que havia ameaça a seus interesses, ainda mais quando foi criada a PETROBRAS! Apareceria por aqui em agosto de 1956. Mas só pra fazer uma partida, a outra seria em Feira de Santana. Na ocasião, até os vilões deram uma trégua. Os baianos estavam zangados, e foi assim que o Fluminense empatou com o capitão em Feira (1 X 1), mas não adiantou nada pro tricolor que caiu por dois a um com novo estádio e tudo.
Nos anos 50 tudo quanto é seriado americano apareceu nas TVs brasileiras que estavam sendo criadas. Na época ventilou-se que o Capitão América iria ser revivido. Mas, antes que isso acontecesse em 1964, e nosso herói surgisse como líder dos Vingadores, ele veio testar a sua popularidade na Bahia.
                                       Foi aí que passou a ter super heróis "a dar de páu"!

Veio novamente em maio e em 1958 quando haveria eleições. Sabem como é a diplomacia americana né? Aí acabaram arranjando um empate com o Bahia (1 X 1) que seria bom pros dois lados. Logo depois, mesmo que o capitão não votasse por aqui, o pessoal saiu por aí o levando para visitar a cidade, enquanto o tricolor pedia revanche.
Rapaz, o que o Capitão América e seus amigos passaram nem queiram saber! Doutor Fausto em pessoa fez o programa das visitas. Ele podia ser herói lá pras bandas do inferno mas na Bahia não resistiu ao efó, ao caruru, ao vatapá, e ao acarajé, tudo com a maior pimenta possível. Imaginem que de tanta cachaça voltou ás quedas para o Hotel da Bahia. O resultado não se fez esperar cinco a dois pros baianos. Já não se fazia mais heróis como antigamente!
O capitão se sentiu traído pelos baianos. E o Departamento de Estado americano retaliou pesado a Bahia. Foi por isso que a série que seria criada não passou na TV Itapuã. Assim, os ianques que visitavam a Bahia não tiveram nada pra conversar durante dez anos. Só em 1968, quando manifestações por direitos civis estouravam por todo o mundo, é que mandaram o capitão de novo distrair os baianos.
                                     Começaram a procurar onde estava o Capitão América!

Ele chegou logo depois do São João, e os baianos estavam tão satisfeitos com sua presença que até organizaram um torneio. O capitão veio com novo discurso, o que interessava agora não eram a guerra nem os protestos dos “subversivos” mas a amizade entre as pessoas, como a que tinha com Peggy Carter, Bucky e Ricky Jones.  Naquele ano porém, pouca gente foi á Fonte Nova ver o capitão levar a taça.
A primeira rodada ocorreu a trinta de junho, quando o capitão derrotou o rubro negro (2 X 1) enquanto o tricolor ganhava do Flamengo (1 X 0). Mas o primeiro vingador passaria das medidas, vencendo o Bahia (2 X 0) e o torneio na data magna dos baianos, o Dois de julho!
Os filhos e amigos do capitão ainda voltariam na Bahia nos anos setenta, em 1971 e 1977, pra jogar e empatar com o Vitória. Mas vivíamos uma época nova, a do Campeonato Brasileiro. Nos primeiros anos ainda deu pro nosso capitão, pois enfrentava o Império Secreto e iniciava parceria com outros super heróis, como o Falcão Negro.
                                 "Rolou" até fitinha de Senhor do Bonfim pro capitão voltar!

Mas, os anos 80 coincidiram com as dificuldades do América em se manter no Brasileirão. Havia passado a época de gatos e cachorros disputarem a Primeira Divisão e nosso herói deixava a guerra mundial e os nazistas pra aparecer na guerra civil e em todo lugar de interesse dos norte-americanos. Passou a viver uma concorrência desgraçada, tanto no certame brasileiro como no cinema.
Foram tirar do baú tudo quanto é tipo de super herói, com todo tipo de poderes, do que só um escudo. Até tal de lanterna verde apareceu! O Capitão América caiu pra Segundona e pra Terceirona. Disseram até que em 2007 foi morto na guerra civil. Mas, dizem que estão querendo ressuscitá-lo de novo!

·          Agradeço ao site Wikipédia, ao Almanaque do Futebol Brasileiro e aos blogs Jeniss, fotocomida.com, ptwikipedia.org, praticus.limao.com.br, tvcinemaemusica.worpress.com e teatrodebonecos.blogspot.com.  

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