terça-feira, 30 de agosto de 2011

Amor a toda prova

       

Nesses últimos dias “bateu” o maior romantismo aqui em casa. Pudera, depois de amanhã vamos na viagem da nossa vida visitar Londres, Liverpool e tudo o mais dos Beatles que sempre sonhamos nos anos 60. A excursão é promovida pelo Beatles Social Club e soubemos dela quase sem querer durante uma das apresentações dos covers dos Beatles que ocorrem toda última terça feira do mês na Companhia da Pizza no bairro do Rio Vermelho. Aí foi só procurar os organizadores, e pronto, ói nós na terra de John, Paul, Ringo e George!
Vou ficar afastado de vocês por três semanas, mas não se preocupem, pois, quando voltar, terei muitas coisas pra contar. É por isso que dei pra postar coisas românticas. A de hoje parece até com a comédia Amor a toda prova dirigido por P.J. Hogan que estreará nos cinemas esta semana.
                                       Carl pegou a maior depressão quando perdeu Emily! 

O filme vai na contramão daqueles que acham que só as mulheres que sofrem por amor. A vida do quarentão Carl Weaver (Steve Carell) desaba quando a mulher Emily (Julianne Moore) confessa ter transado com um colega de trabalho e pede divórcio. E o pior é a “justificativa”, a de se sentir sufocada pelo relacionamento de 25 anos de matrimônio!
Depois daí é só confusão amorosa. A babá declara seu amor pelo patrão, enquanto é cortejada pelo filho da casa, Carl volta ao mercado sexual de conquistas amorosas contando com a ajuda de um verdadeiro guru do sexo, Jacob (Lyan Gosling), e a Emily está em outras. Mas, quando os relacionamentos acabam dando em nada e o próprio garanhão se apaixona todo mundo “cai na real” e Carl e Emily voltam a ficar sozinhos com seus problemas amorosos. Desta vez nem vou contar o final pra ver se vocês deixam de ler minhas crônicas e vão ao cinema.
                                       Oh quem botou esses diabos do Rollings Stones aqui?

Como todo mundo já sabe, todos esses filmes de Hollywood são copiados do roteiro real que se passa na Bahia. E o pior é que nosso estado nada recebe de direitos autorais, pra desespero do nosso governador. O jeito é economizar uns trocados reduzindo o atendimento do PLANSERV.
Carl veio a primeira vez na Bahia bem mocinho, passando aqui quase vinte dias. Já tinha o apelido de “pó de arroz” e se deu muito bem no estádio da Graça jogando com os clubes da elite. Assim venceu o Baiano de Tênis (2 X 0), a Associação Atlética (3 X 1) e empatou com o Vitória (1 X 1). O povo nem deu bola ao Fluminense, que só tropeçou mesmo quando enfrentou o popular Botafogo (1 X 2 e 2 X 0) e a seleção baiana (4 X 5). Foi por isso que Emily não se encontrou com Carl.
                                         Carl morria de ciúmes com esses anúncios!

Depois, muitas coisas se colocaram entre Carl e a Emily. O povo deu pra contestar a chamada “república velha”, que acabou caindo de madura, e tome-lhe guerra e manifestações em 1924, 1930, 1932, 1935, 1937. Pra piorar a situação ainda houve a Segunda Grande Guerra afugentando Carl da Bahia. Mas a família de Emily sempre ficou por aqui.
Carl só voltou à Bahia quando o nazi-fascismo já estava derrotado, em fevereiro de 1945, e Emily já era uma senhora madura que sonhava com um amor em sua janela no Barbalho, um bairro popular. Mas só jogou com o leão decano (6 X 2) e o time da colônia espanhola (1 X 1). E, também nesta vez, não viu Emília, extravasando o seu “amor” nos simpáticos prostíbulos da capital.
Foi só no ano seguinte, antes do carnaval, que conheceria Emily. O Fluminense viria a Bahia numa excursão de uma semana, e pela primeira vez estrearia jogando contra times populares. Nossa heroína, que era torcedora do Ypiranga, compareceu ao estádio da Graça pra ver o pó de arroz e se apaixonou perdidamente por Carl. E ele também.
                                                           Emily chorou "paca"!

Tanto assim que passaram o jogo todo se olhando, ela com seu guarda chuva na tribuna de honra, e ele sujo de lama. Estava tão distraído que deixou a bola passar várias vezes. Foi um escândalo a goleada do Ipiranguinha por cinco a zero no poderoso time das Laranjeiras! Depois disso Emily não saiu da Graça, onde viu o Fluminense vencer o Bahia (3 X 0) e o Vitória (5 X 0).
Antes de Carl viajar fizeram juras de amor e, no próximo ano, eis que o Flu voltaria novamente na mesma época. Agora pouco jogava contra os clubes da elite, e estreou enfrentando o Guarany (2 X 2).  Mas, quando foi a vez de jogar com o Ypiranga, o time que Emily torcia, Carl ficou em conflito. Deveria causar o sofrimento da namorada ou esmagar os auri negros sem dó nem piedade? O amo0r trinfou fazendo com que Carl, de tão distraído, não se desse conta de três bolas atiradas contra a sua meta, que foram responsáveis pela derrota do pó de arroz por três a dois. Ainda bem que ainda havia o tricolor em seu caminho e se despediria com a vitória de três a um.
                                                   O mundo caiu na cabeça deles!

As duas vitórias do mais querido estabeleceram o nexo de confiança entre os dois. Mas pra precaver, quando veio no ano seguinte pra casar, Carl pediu para não incluir o Ypiranga na programação. Dito e feito, mas a federação acabou exagerando tirando todos os baianos forçando o pó de arroz a jogar contra o Flamengo. O susto de Carl de encontrar o Flamengo foi tão grande que acabou levando de cinco!
Carl ficou morando na Bahia e disputando o campeonato carioca, tendo que pra isso de fazer um crediário na Panair do Brasil. Dois anos depois o pó de arroz seria a primeira equipe de fora do estado a jogar no novo estádio da Fonte Nova. E olha que foi em pleno dois de julho, data magna dos baianos, vencendo o tricolor por dois a zero.
                                            Bem que Carl tentou afastar os concorrentes!

A relação de Carl com Emily ia às mil maravilhas e nem mais o Fluminense precisou jogar por aqui. Em 1956, porém, o seu casamento seria abalado. Só não deu em divórcio, pois nem isso havia naquele tempo. No fim de março o time das Laranjeiras apareceu pra jogar por aqui contra a dupla BA-Vi. Em campo até que se saiu bem vencendo o Vitória (2 X 1) e perdendo do Bahia (1 X 2). Mas o pior foi viajar de volta com a delegação e ficar dois meses fora de casa. Emily não perdoou esta falseta e acabou saindo com o touro do sertão e o demolidor de campeões.
E o pior é que ainda confessou isso quando o Flu voltou em maio e saiu pra passear com Carl na Sorveteria Cubana da Praça Municipal. Era demais e ele ficou louco da vida esmagando o seu querido Ipiranguinha por quatro a zero, e, de quebra, venceu o tricolor por três a dois. Carl entregou-se a galinhagem e Emily também. Não havia time com quem não transassem.
                                         Até Ricardo Teixeira quiz "papar" a Emily!

O Flu já estava acostumado com a Bahia para onde voltaria em 1958 e 1959, mas sem querer nada nem com o Ipiranguinha nem com Emily. Seu próprio filho foi treinar no Bahia de Feira. Era muito desaforo pra nossa heroína aguentar. Ainda mais que Carl só voltou em 1968. Nem estava mesmo com um grande cartaz somente jogando contra o Galícia, o qual venceu por três a um. Emily até que compareceu, escondendo-se nas arquibancadas pra ver um herói mulherengo que não estava nem aí para as baianas.
Nos próximos dez anos Carl voltaria na Bahia pra disputar amistosos cinco vezes, mas, fora do esporte, só aparecia em puteiros como o “63”, o “Maria da Vovó”, e a zona da Gameleira. Tinha chegado ao ponto mais baixo de sua solidão. É tanto que em 1979 chegou a enfrentar o Leônico na Fonte Nova, ganhando às duras penas pelo escore mínimo! Nunca mais se encontraria com o Ypiranga. Enquanto isso se passava Emily ficava reduzida a namorar com o pessoal dos times da várzea, onde, por sinal, encontrava com o auri negro, seu velho amor.
                                                Vou passear até no Lago Ness!

Mas todos os gurus de sexo da Bahia conspiravam para uni-los outra vez. Emily “deu” pra João Havelange e não é que este deixou de fazer certames pífios e criou o campeonato brasileiro? Foi assim que os dois se reconciliaram fazendo com que o Flu viesse jogar na Bahia duas vezes por ano. Durante seis meses cada um continuou transando com quem queria na Bahia ou no Rio, mas, pelo menos duas vezes por ano, voltaram a ficar juntos e a renovar seus laços de felicidade.

·          Agradeço ao Almanaque do Futebol Brasileiro e ao site Cinema. terra.

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