terça-feira, 11 de outubro de 2011

O horror do 11 de setembro


No domingo, dia 11 de setembro, acordamos cedo para sair com nossa sobrinha Karen. Eu estava preocupado com a possibilidade de haver atentados em Londres nesse dia. Aliás, não era nenhuma novidade que isso acontecesse. Hesitei em entrar no metrô mas iríamos chegar tarde para o passeio de barco pelo Rio Tamisa se fôssemos de ônibus.
Não tinha jeito então era relaxar e gozar. Mas confesso que enquanto estivemos no metrô eu ficava olhando por sacolas deixadas em algum canto (não vi) e não passava perto de caixas de lixo. Pra isso pelo menos minha vida de política serviu! Fomos da estação de Queesnway para a de Westminster que era bem no centrão da cidade. E não é que ao subir a escada avistamos logo ele, o Big Ben? E, ao lado, o Parlamento, a famosa Abadia, a London Eye, etc. Mas não estavam nesse dia no nosso roteiro de maneira que passei por eles rápido, inclusive pelo fato de serem alvos potenciais se alguém quisesse colocar bombas!
                                       Tava lá quando passamos no no centro de Londres!

Descemos então ao lado da ponte para o cais onde pegamos a barca para o passeio. Tinha me esquecido de dizer que por aqui tem sempre preço especial para a turma de mais de sessenta anos. Mas é um abatimento muito miserável às vezes não chegando a duas libras! Mas dessa vez pagamos a metade. O passeio foi um negócio de louco só atrapalhado pelas minhas preocupações com bombas (e se colocassem uma no ferry boat?) e com o guia que insistia em falar só inglês pra todos que não tinham nem sequer um tradutor de ouvido.
                                                  Pô rapaz, tá trocando por Veneza?

Tentamos conferir os lugares pelo folheto mas acabamos ouvindo Karen que nos informava o que o homem dizia. Mas ela mesmo não gostava pois o cara falava de uma série de prédios difíceis de localizar naquela imensidão e eu reclamava que nada falava da história daqueles lugares.
A excursão durou uns paradisíacos quarenta minutos e até esqueci as bombas. A maior atração era as pontes. Passamos pela de Shering Cross, a Waterloo, a London Bridge, a famosa Tower Bridge e outras menos votadas. A última mereceu atenção especial por suas cores azul e cinza. Pensamos em voltar para visitar a Torre de Londres mas não houve tempo, ficou pra próxima. Vimos a cúpula da Igreja St Paul, uma antiga taverna, uma réplica de um barco pirata e um prédio azul e branco os onde os executavam (naturalmente os que não seguissem os interesses britânicos), e pela ilha financeira de Canary Wharf com seus prédios modernos.
                                             Só não consegui ainda revelar as fotos!

O guia que às vezes ficava calado já havia parado de falar de vez e seus assistentes arrecadavam a gorjeta, mas é claro que não demos! Logo depois chegamos ao cais de Greenwich nosso destino pois só tínhamos comprado tickets para a ida. Nossa visita a este bairro foi muito prazerosa. A começar por conhecer ao centro do poder marítimo inglês nos séculos XVIII e XIX. 
O lugar é imponente ficando ao lado do rio, e tem de tudo, museu, escola, igreja, sala de sessões, e um grande descampado no meio das construções onde gravaram cenas para o filme Os piratas. A única coisa que nos serviu o 11 de setembro foi o culto da Igreja St. Peter em homenagem aos mortos onde fomos recebidos (e outras centenas de pessoas) por uma boa orquestra de câmara tocando a Pavana para uma criança morta de Maurice Ravel.
                                              Acabaram não explodindo nada nesse dia!

Difícil deixar de se emocionar mesmo que em 2001 eu estivesse longe de ter simpatia pelos norte-americanos no atentado às torres gêmeas. Ali ainda visitamos o magnífico salão de reuniões com pinturas excepcionais que insinuavam a relação divina dos imperadores da época.
No Museu marítimo nos limitamos a sala das visitas inglesas no mundo que era acompanhada por uma formidável instalação que se transmudava para assinalar a navegação e os mapas dessas épocas. Procurei a presença inglesa no Brasil, que foi por sinal muito significativa, mas não achei nada. Não dava tempo pra visitar outras seções pois ainda havia uma sofrida caminhada para a colina de Greenwich pra ver o famoso Observatório.
                                                       Isso os ingleses não revelam!

Aliás, não há só alegria nessas viagens. Quem não gosta de caminhar como eu sempre me dou mal. Quando Karen nos mostrou onde ficava a colina chiei e preferi almoçar num restaurante italiano ali perto. Não vou falar da comida mas pelo menos refizemos as energias para a caminhada.  
De tarde começamos a andar de novo, passamos pela estátua de William IV e entramos portão adentro para um bate-perna danado até chegar á colina, embora em meio a um parque aprazível onde centenas de pessoas se espalhavam gozando o domingo. Mas como tem parques em Londres, hein? Uma pena que o Brasil não esteja nem aí para eles! Pensei com meus botões que ali seria o último lugar que alguém escolheria para soltar bombas!
                    Vimos esse por lá, será que estava levando "ajuda humanitária" para a Libia?

O laboratório estava cheio de visitantes mas não parecia ter a menor segurança. Aproveitamos para tirar todas as fotos a que tínhamos direito. Afinal estávamos no “centro do mundo”, onde passa o famoso Meridiano de Greenwich, pelo menos é o que os ingleses acreditam! Não é tão barato o ingresso mas não poderíamos perder a viagem, de forma que pagamos e fomos conhecer o acervo do observatório sobre a história da astronomia, seus instrumentos de navegação, e, naturalmente, entrar na fila para tirar fotos ao lado do meridiano.
Depois, foi outra palhetada até a estação de St. Paul para visitar a famosa catedral. Não posso negar, porém, uma ponta de decepção. É que o lugar, apesar de existir desde 604, deve ter sido seriamente afetado pelo incêndio de 1666 e pela guerra. Como a cripta estava fechada só visitamos a nave não conseguindo observar nenhuma área realmente mais antiga. Sequer pudemos chegar até o altar pois estavam esperando uma missa. Aí entendemos que seria uma missa cantada pois havia pessoas que pareciam formar um coro e um organista de plantão.
                                        E eu só pensando, será que esse ferry é seguro?

Decidimos então esperar pra ver. Seria a segunda apresentação musical do dia de hoje e poderíamos dizer no Brasil que assistimos um concerto na St. Paul. Mas qual, a espera foi inútil pois depois de mais uma hora começou a missa e nem uma cantadinha sequer! O dia só foi salvo por acharmos uma das portas da antiga Londres que fica ali do lado. Mesmo reformada ainda parecia antiga o suficiente para justificar algumas fotos.
Aí fomos para o hotel discutindo como iriamos levar as malas para a casa dos sobrinhos. Minha preocupação era que na segunda feira iria fechar a nossa conta e a excursão do Beatles Social Club iria de volta ao Brasil. E Karen insistia que os taxis eram muito caros até Wislleden Green. O jeito foi aceitar a oferta dela. Combinou com Matheus pra passar no hotel e juntos levaram as malas só deixando as sacolas para o outro dia. Nem deu pra assistir o jornal de noite mas pelo menos pra gente naquele 11 de setembro não tinha acontecido nada!

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