sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A pele que habito


Em seu novo filme A pele que habito Antônio Banderas é também o último de Pedro Almodóvar, uma trama complexa que transita entre a ficção científica e o terror. Conta a história de Robert, uma espécie de Dr. Frankenstein, que perde a mulher em acidente de carro e faz pesquisas secretas para a criação de uma pele artificial com a qual poderia ser salva.
Como todos os filmes do diretor espanhol o filme trata de diversos assuntos tais como a vaidade contemporânea, a ética na ciência, a relação entre pais e filhos e a dimensão efêmera das coisas. Mas dessa vez Almodóvar se machucou plagiando a história, não só dos jogadores baianos, mas do futebol em geral. E assim como os outros não está nem aí para os direitos autorais. 
                   Almodóvar podia falar com Eliana Calmon que ela arrancava a pele dos juízes!

Antigamente dava gosto de ver o futebol. Os jogadores davam duro mesmo. Meu pai acordava ás cinco da matina pra competir no remo em Itapagipe com os barcos do Vitória, lanchava na rua e chegava à Graça pouco mais de meio dia, com o sol á pino, para jogar na preliminar de aspirantes. Depois sentava no banco do time profissional ou vestia uma roupa para apitar o jogo, pois ele também era árbitro. Estão pensando que depois ia pra casa? Qual nada, ainda tinha que ir jogar basquete no time do Olímpico ou na FUBE.
No sábado passado dois jogadores do Vitória, Gilberto e Fábio santos, “se sentiram mal” por jogar ás quatro da tarde no horário de verão, vejam se pode! Naquele tempo não tinha gripe ou febre pra deixar de jogar. Hoje até uma simples dor de cabeça tira um jogador da partida. Substituição por contusão? Nem pensar! Pra tirar um jogador da partida precisava pelo menos o osso estar exposto.
                             Petkovic quando esteve no Brasil só vestiu a camisa rubro negra!

Cansei de ver jogar com a cabeça quebrada, capengando de uma perna. Só faltava entrar de muleta em campo. Dizer que isso era no tempo do amadorismo é meia verdade pois sou de uma época onde ainda não imperava o mercenarismo no futebol. Hoje o jogador já tem empresário desde a adolescência. Outro dia um menino de 16 anos pediu uma nota pra renovar com o Vitória e o Milan movia céus e terras pra levar um menino brasileiro de 14 anos para a Itália.
Mas o que é que Almodóvar plagiou? Foi o total desinteresse do jogador em relação a camisa do clube em que joga. Antigamente os jogadores tinham tal identificação com o clube que a rivalidade ultrapassava o campo. Soube de diversos casos de jogadores de clubes rivais brigando na rua após as partidas.
                       Essa é a segunda pele que teria salvado a mulher de Banderas!

Nem pensar em andar juntos ou sair pra beber jogadores e atletas do Bahia, do Vitória, e até de Galícia e Ypiranga. Porrada em campo era tão normal que a imprensa nem estava aí.  Quem dirá agressão aos juízes. Sou de um tempo onde o jogador tinha vergonha na cara e onde até se suicidava com vergonha de ser citado pela imprensa.
Nos dias de hoje a gloriosa camisa dos clubes não são mais do que uma segunda pele, que, ao contrário do filme, não salva ninguém. O jogador trabalha pra quem o paga. Troca de clube como quem troca de camisa. Um dia desses vi um com apenas vinte e um anos que já tinha vestido 14 camisas diferentes.
                                     Essas querem tirar a pele pra dar pro cientista maluco!

A cara de pau desse pessoal é tanta que trabalham em clubes rivais dos quais se dizem até torcedores “desde criancinha”. Assim mudam do Bahia pro Vitória, do Flamengo pro Fluminense, do Palmeiras pro Corinthians, do Grêmio pro Inter e do Atlético pro Cruzeiro sem qualquer cerimônia. Quem fala mais alto é o dinheiro.
Na minha época havia jogador que ganhava o prêmio Belfort Duarte de disciplina por nunca ter sido expulso. Meu pai brigava pra sentar no banco ou jogar. Nos dias de hoje os jogadores rezam pra ter um reserva que entre em seu lugar para descansar e os clubes tem que ter um elenco de mais de trinta. É tal de tomar cartão amarelo e vermelho que dá pra desconfiar.
                                      Aqui na Bahia Almodóvar ficou atrás de Banderas!

Almodóvar criou a sua pele falando de cientistas malucos só esqueceu-se de falar dos malucos mercenários que tem no futebol. Uma pele artificial podia ter até salvo a sua ex-mulher mas hoje seria anacrônica no nosso futebol. Teria que arranjar vinte ou trinta peles pra deixar de reserva na “carreira” em que se transformou o prazer de jogar futebol.
Podem me chamar de sonhador á vontade mas eu ainda vibro com a musica de Paulinho da Viola
Dinheiro na mão é vendaval,                                              Mais é preciso viver
é vendaval,                                                                           e viver não é brincadeira não
na vida de um sonhador, um sonhador.                             Quando o jeito é se virar
Tanta gente aí se engana                                                    cada um cuida de si
e cai da cama com toda a ilusão que sonhou                    irmão desconhece irmão.
e a grandeza se desfaz                                                       E aí, dinheiro na mão é vendaval
quando a solidão é mais                                                    dinheiro na mão é solução             
alguém já falou.                                                                 E solidão.

·          Agradeço ao site cine players.

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