sábado, 3 de março de 2012

Antes só do que mal acompanhado!


                   
A comédia Antes só do que mal acompanhada foi lançada por Hollywood em 1987 tendo na direção John Hughes e estrelando Steve Martin, John Cindy, Dylan Baker e Laila Robins.  Trata da viagem do publicitário Neal Page (Steve Martin) que vai de avião de Nova York a Chicago para passar o dia de ação de graças com a família.
Mas as coisas não correm nada a seu gosto. Pra começar o avião atrasa e ele acaba transferido da primeira classe para a classe turística onde é obrigado a aturar um sujeito chato e inconveniente ao lado, Griffith (John Candy), vendedor de alças para cortinas de banheiro.
                                               Imagine um time onde Rildo é a salvação!

Pra completar, uma tempestade impede que o avião aterrisse o que o leva a parar numa pequena cidade do estado de Kansas. Ali, sem saber quando haverá novo voo para Chicago, Steve Martin acaba pegando qualquer transporte e enfrenta uma maratona repleta de problemas.
Os produtores na verdade tiveram uma antevisão do que ia se passar no futebol da Bahia um quarto de século depois. É que um antigo craque brasileiro, Toninho Cerezo, acabou aportando na Bahia, e têm acontecido coisas do arco da velha com ele e o clube que foi contratado para dirigir, o EC Vitória.

                                             Eu já estou pra pular do meu prédio!

Toninho Cerezo teve marcante presença no futebol atuando como volante.  Nascido em 1955 começou na divisão de base do Clube Atlético Mineiro, atuando por empréstimo por certo tempo no Nacional de Manaus. Em 1975, porém, com vinte anos, chegou ao time principal do galo mineiro. A ascensão de Cerezo ao alvinegro, porém, não se deve só a sua atuação, pois coincidiu com a montagem de um esquadrão que sucedeu a geração de Dario e Cia.  
Pelo sim pelo não naquele mesmo ano que ascendeu ao titular foi convocado pela seleção brasileira pela primeira vez por Osvaldo Brandão. Mas só com o capitão Cláudio Coutinho é que chegaria a titular ganhando a sua confiança. Na época cumpria uma atuação apenas razoável, revesando com Batista e Chicão que eram mais marcadores.
                                          Cerezo só jogava porque tinha Sócrates e Falcão!

Só voltou a brilhar quando Telê Santana assumiu a seleção brasileira e montou um super time, do qual Cerezo era um a mais. Na ocasião Sócrates, Falcão, Zico, Eder, Oscar e outros integravam o onze da canarinha. Correta ou injustamente, acabou sendo massacrado pela imprensa na Copa do Mundo de 1982 como um dos responsáveis pela eliminação pela Itália.
Após dez anos no clube mineiro foi vendido para o futebol italiano onde atuou no Roma, sendo na época a maior transação do futebol brasileira equiparada á de Zico para a Udinese. Ali venceu a Copa da Itália, ao lado de Falcão, que reencontraria aqui na Bahia.
                                            Vejam se Steve Martin não é a cara de Cerezo!

Em 1986 transferiu-se para a Sampdória onde venceu a Recopa europeia, sagrou-se tri da Copa da Europa, foi vice da Champions League e venceu o campeonato italiano pela primeira vez para o clube. Sua carreira na seleção brasileira, entretanto, acabou em 1987. De volta ao Brasil, mesmo já estando em idade avançada, ainda atuou no São Paulo, e, em Minas, no Cruzeiro, no América e no Atlético Mineiro, clube pelo qual encerrou sua atividade como jogador profissional.
Durante sua carreira Toninho Cerezo recebeu diversos prêmios que o destacaram no cenário brasileiro e mundial. Famoso e muito bem de vida Cerezo podia ter terminado a carreira no auge, no entanto entendeu de ser treinador. Iniciou-se no Atlético Mineiro em 1999, onde passou apenas poucos meses, recebendo um honroso convite do EC Vitória.
                                      Vou torcer pra que caia alguma coisa na cabeça dele!

Na época o clube contava com um excelente elenco, onde se destacavam Fabio Costa no gol, os laterais Baiano e Rodrigo, o volante Fernando, e a dupla de ataque formada por Cláudio e Tuta. Para se ter uma ideia Preto, Casagrande e Allan Delon comiam banco neste time comandado por Cerezo que foi longe naquele certame.
O leão começou mal em 24 de julho, perdendo por dois a zero para o Curitiba fora de casa. No entanto nas duas próximas rodadas venceria o Palmeiras no Barradão(2 X 0) e empataria sem gols com o santos na Vila Belmiro. Logo a seguir despencaria ao pegar Corinthians e Vasco da gama fora de casa, tomando uma cruel goleada de 5 X 1 do primeiro e três a um do segundo.
                                                Caiam fora Cerezo e Alexi Portela!

Mas o rubro negro se recuperaria na volta para casa onde venceria o Botafogo por dois a zero, e no Canindé, a Portuguesa de Desportos por três a um. Completaria a terceira vitória seguida seria contra o Gama(1 X 0) no Barradão. Logo depois entraria numa de altos e baixos. Perderia para o Juventude já no Rio Grande(1 X 2), venceria o Atlético no Estádio Independência em BH(2 X 1), empataria sem gols com o São Paulo em Salvador, e cairia vergonhosamente para o Flamengo no Maraca por cinco a dois.
Após esta fase o rubro negro se acertou. No Barradão venceria o Cruzeiro quatro a um e o Atlético Paranaense por três a dois, sairia para empatar em um gol contra a Inter, e voltaria pra casa pra garantir mais duas vitória, contra Botafogo(3 X 2) e Paraná(2 X 0).  Conseguiria a classificação fora de casa, ao vencer o Guarany de Campinas(2 X 1) e empatar em um gol com o Sport. O último jogo foi só preá cumprir tabela, quando o leão perdeu de três a zero para o São Paulo.
                                               E os jogadores só andam contundidos!

Classificaram-se assim oito clubes com o Vitória do novo treinador Cerezo em sexto. Mas a campanha rubro negra não foi lá aquelas coca colas. Tomamos gols do que fizemos (31 X 33), e ganhamos 24 pontos, mas perdemos 18. Nas quartas de final o clube teve sensacional confronto com o Vasco da Gama. Naquele tempo não tinha o tal saldo de gols e só passava quem fizesse quatro pontos. O leão começou vencendo o time cruzmaltino numa das mais sensacionais partidas já presenciadas no Barradão, por cinco a quatro.
A partida de retorno em São Januário foi renhida com os baianos conseguindo um bom empate em dois gols. Mas mesmo assim houve a terceira partida, e no próprio Rio de Janeiro, registrando-se o novo empate, agora em um gol. Ficaram então para as semifinais quatro clubes, o Corinthians pegava o São Paulo e o Vitória decidiria quem iria á final com o Atlético Mineiro.
                                                    Você pode nos livrar de Cerezo?

Na ocasião, porém, o Mineirão não se encontrava mais em obras, e o Vitória jogou abaixo da crítica sentindo a pressão da torcida que lotou o estádio. Quando encerrou a partida tinha tomado três gols e não feito nenhum. Mas, como não havia saldo de gols, a esperança da torcida continuava.
Fui assistir ao jogo de volta. O galo lutou como pode, chegou a abrir o placar mas o leão virou, tendo o seu segundo gol sendo marcado faltando apenas sete minutos pra acabar o jogo. Mas dois dias após aconteceu o terceiro jogo e tudo foi diferente. Um time ansioso pra marcar logo o gol, um Atlético esperando nos contra ataques contando com a boa forma de Moraes, e o nervosismo do goleiro Fábio Costa.                                                                                              

Este falhou no segundo e terceiro gols, por sair estouvado para barrar um araque mineiro sendo facilmente driblado, e por se colocar mal num cruzamento. Foi um dos dias mais tristes da minha vida de torcedor voltando pra casa de cabeça inchada com Cerezo e seus comandados que podiam ter passado para a final se não fosse aquele ridículo três a zero que tomaram.
Cerezo parece que se desgostou com a experiência preferindo ir ganhar dinheiro no Japão onde trabalhou cinco anos no Kashima Antlers. Voltou rapidamente em 2005 onde trabalhou por poucos meses no Guarany e Atlético Mineiro, pra retornar pro exterior onde foi trabalhar em clubes da Arábia Saudita por mais quatro anos.
                                                Só chamando mesmo o Jason!

Todos pensavam que tinham se livrado dele como treinador mas eis que o mesmo surge em 2010 no Sport que lutava pra subir de divisão. Mas a campanha de Cerezo foi um vexame fazendo com que fosse demitido do clube em pouco tempo. Ao que sei o pessoal de lá não quer nem ouvir falar dele.
Depois disso ficou parado quase dois anos. Ninguém mais queria os seus serviços. Comprou casa na beira da praia e ficava lá pescando. Mas ainda não havia esquecido do futebol, e, como aceitava qualquer coisa pra voltar a treinar clubes, eis que aparece o casquinha Alexi Portela em seu caminho.  O dirigente, acreditando que Cerezo ainda era o de 1999 trouxe-o de volta ao clube como a tábua da salvação.
Foi assim que o avião de Cerezo, que já estava acostumado a muitos anos de só pousar em aeroportos chiques, acabou mesmo no Kansas, digo no Dois de julho. Pra voltar de novo a Chicago Cerezo usou o transporte que podia laboratório com o time no campeonato baiano uma vez que iria trabalhar mesmo era na Segundona no segundo semestre, quando esperava passar por aqui outro avião que o levasse para as grandes capitais.
                                                    O Vitória está todo enrolado!

Mas, tendo um time apenas regular, ao contrário dos bons que pegou na vida, o treinador dessa vez faria o clube passar pelo pão que o diabo amassou. Foi um verdadeiro desastre no primeiro turno levando o Vitória para o quarto lugar, a pior colocação desde antes de 1999 quando esteve aqui.
Mais um pouco o time ficaria fora da zona de classificação para as finais. Mas fez mais, em dois meses não conseguiu montar uma equipe, nem definir um padrão de jogo e só ganhou uma partida fora de casa. O elenco usou até agora 31 jogadores, não tem alas, faz rodizio de goleiros, coloca jogadores fora de forma para atuar, e, pra culminar, ainda brigou com Giovanni(um dos melhores jogadores do clube)retirando-o do time.
 Depois de mais uma péssima atuação (a derrota por um a zero para o péssimo time do Serrano que só havia vencido uma partida no certame) a diretoria resolveu reunir-se com o treinador. Mas o elefante pariu um rato, só fazendo dizer que “não está satisfeita com a situação”. Nós, os torcedores, sabemos o que fazer com Cerezo: mandar ele de volta para a Arábia ou o Lapão, mas é uma pena que não possamos fazer o mesmo com Alexi Portela, pois antes só do que mal acompanhado!

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