domingo, 9 de dezembro de 2012

Estou com o saco cheio do capitalismo!


Gente, essa semana foi insuportável! Imaginem que juntou tudo quanto é informação ruim aqui no mundinho da Bahia. O prefeito João Henrique (sempre ele!) anunciou que não tinha dinheiro pra pagar o show e o foguetório do réveillon e colocou na rua as mesmas lâmpadas coloridas como faz desde o início, em 2005, de sua infeliz administração. O governador Jaquinho disse que no ano que entra vai rolar aperto fiscal pra compensar as perdas que teve com o governo Dilma.
Vocês já repararam que um joga a responsabilidade para o outro? Pois é, os prefeitos estão dizendo que estão repensando o orçamento pois necas de royalties do pré-sal. E Dilma, por sua vez, termina mais um ano com o miserável “aumento” de 1% do PIB, o que justificaria cortes das pobres pensionistas, mudança pra pior dos critérios de negociação trabalhista, mais inflação, detonar o PAC, índices ainda mais baixos de execução do orçamento, o escambau.
                                                                       Pô, é isso aí!

Aliás, os políticos de agora só andam na Justiça! Imaginem que passamos meses só tratando do mensalão. A diversão era contar quantos votos havia pra mandar Zé Dirceu pra Bangu, Marcos Valério pra Pedra Preta e Genoíno pro Carandiru, mas como esse presídio acabou o último acabou se livrando e vai fazer a cadeia de hotel. E, ainda nem tinha encerrado a “dosimetria” das penas (nossa, quem sabe o que é isso?) já vem agora Rosemary (ou Rose para o chefão que é íntimo) atazanar o nosso juízo!
Aqui pra nós, eu sou diferente desse pessoal que só fica querendo saber onde e quando Rose transou com o Lula. Deixei até de ler as notícias que dão conta das 23 viagens que ela fez com o PR pro exterior quando Marisa não estava, dos 123 e-mails que ela trocou com o “ex”, ou até das entradas secretas da presidência ou do aéreo-lula. Na verdade o que me interessa mesmo é o tráfico de influência, a atuação da quadrilha em que ela tomou parte para roubar o erário público, e os “esquecimentos” da Polícia Federal, tipo não adotar o procedimento padrão de sua escuta telefônica.
                                          O pessoal está atacando de mala preta mesmo!

Mas se tudo ficasse na política mercantil ainda dava, o pior é que agora deram pra acontecer lá em casa. Nesta semana houve um monte de casos, todos envolvendo a cupidez desses empresários. Na segunda feira recebi outro cartão, agora do HSBC, com uma gentil cartinha colocando seis mil reais à minha disposição, e o problema é que nunca nem ao menos fui apresentado a esses senhores! Na terça chegou a fatura do cartão pela hora da morte incluindo a nossa viagem recente por Minas Gerais.
Todos os dias alguém ligou querendo vender alguma coisa. O primeiro era da GVT, e queria apenas tornar mais veloz meu acesso á internet. Ofereceu mundos e fundos, e eu, que já conheço esse golpe de outras freguesias, como minha mãe me deu educação, agradeci mas dispensei a proposta. Nesse dia foi um saco, ligaram uns cinco, cada um oferecendo uma coisa diferente. Houve quem sugerisse um novo cartão, minha entrada em um consórcio de imóvel, e propusesse um jantar all inclusive no réveillon de Lícia Fábio no Amado por módicos 800,00 por pessoa! Saiu até a venda de um lote no Jardim da Saudade! Vade retro, pé de pato mangalô três vezes, vai azarar assim o diabo! Quero saber, afinal, quem é que está vendendo o meu endereço e telefone a essa gente!
                                                        Olhem onde foram construir!

Estava contando isso ontem no aniversário do Carlos Bride e me surpreendi pois era o que expressava a indignação mais banal! A ex-nora do meu vizinho de porta nos disse que pintaram, e bordaram com seu pai, que é aposentado pela UFBA e tem 88 anos. Quando a concorrência descobriu a sua idade e percebeu que não tinha coragem de dizer não a ninguém, fez fila na sua porta e em seu telefone.
Pra reduzir a conversa o pobre coitado passou a pagar uns 2.500,00 por mês só de seguro e capitalização que fez pra ele, pra neta e pra filha. Toda semana chegavam uns quatrocentos cartões, e de bancos que ninguém ouviu falar!. Sua casa virou um paraíso de ofertas e a alegria dos 0800. Ele já não podia almoçar, dormir ou assistir TV, e acabou a sua privacidade. Não tinham hora de ligar. Uma agência ligou às onze da noite vendendo excursão para a Síria (naturalmente deve ser a hora que param por lá os bombardeios),e já as sete da matina, lá estava o pontual tele marqueteiro tentando convencê-lo da necessidade de reduzir o seu imposto de renda comprando um plano de previdência privada.
                                                       Só se respeita o vil metal!

Na festa vieram queixas de todos os lados e, com pouco tempo nos convencemos que a tal da “classe média” do Brasil não passa de uma abstração. Segundo o filósofo e humorista Lula quase todo mundo já entrou nela tornando-a inodora e incolor pois, já que todo mundo está  ninguém mais é. Começamos tentando descobrir de quanto se precisa em nosso país para poder arrotar aos quatro ventos que se é classe média.
Um, mais ousado (ou mais pobre) arriscou três mil reais. Aí começamos a fazer as contas. Só de condomínio e taxa extra no prédio por mês são 900,00. Se somarmos com o plano de saúde, meu e de Cybele, passam pra 1.800,00. Depois veio a secretária (pois ao contrário de boa parte ali nós só tínhamos uma) com mais 900,00, incluindo o salário, carnê do INSS e vale-transporte, quando chegamos a 2.700,00. Aí o assunto morreu todos entenderam que quem ganha três mil reais está á beira de passar fome e não pode sequer pegar um transporte!
                                                   Uma merda, só o capital é intocável! 

Buraco por que passa um boi passa uma boiada. E foi assim que rolou a discussão sobre o novo PL sobre os direitos das empregadas domésticas que já foi aprovado na Câmara de Deputados e já está indo pro Senado. Poxa, me decepcionei com a nossa classe média que mais parece um bando de reacionários. Então não está ninguém pensando nessas trabalhadoras? Elas não merecem a igualdade de direitos com as demais categorias? Da minha parte sou a favor das oito horas de trabalho, da hora extra em dobro, do adicional noturno, do aviso prévio, do auxílio creche, do FGTS e da multa de 40%, e do seguro-desemprego.
Mas a discussão saiu ruim à Bessa pra mim. Pensaram até que eu era advogado e queria mais causas defendendo essas valorosas auxiliares do lar. Se “Seu” Carlos não fosse o meu parceiro constante nas idas ao Barradão não sei o que aconteceria. É que ninguém ficou ao meu favor, e quase me apontaram a porta da rua.  Quanto mais entrava cerveja no bucho mais a coisa piorava! Fui salvo pelo anúncio do bobó de camarão.
                                    Eu me lembro que desde Arséne Lupin já se roubava!

Aproveitamos o jantar na mesa pra mudar de assunto. Qual era a perspectiva dos dois times baianos (enfim!) no Brasileirão no ano que vem? Mas nem aí o assunto fugiu do dinheiro, havendo quem achasse tal técnico muito caro pro “custo-benefício”, os que propunham o aumento do teto do orçamento do Vitória com o futebol da Primeira Divisão. Nem o mousse de maracujá ajudou a mudar o papo. Eu quero saber quem inventou esse tal do capitalismo para execrá-lo em praça pública!

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